Não há nada sólido... Parece que daqui por diante tudo será sempre esmigalhável; sempre a beira de romper com facilidade.
É: parece que é delicado mesmo.
Quanta resistência se esconde ali? Quanto vigor ela terá? Quão sujeito a erros estará? Quanto tempo será que vai durar tudo isso?
Frágil é uma pergunta dançada: depois de todo esse caminho que já foi percorrido a vontade agora é de ir pra onde? Partindo da lógica do fragmento essa dança quer habitar a bagunça antes de organizar qualquer coisa do mesmo jeito.
POR LETÍCIA SOUZA
ESPETÁCULO | DANÇA CONTEMPORÂNEA
Contemplado no Prêmio FUNARTE Circulação e Difusão da Dança 2022, o espetáculo de dança "Frágil, ou, essa dança é 30 minutos mais longa do que poderia ser para competir", solo da artista Letícia Souza, será apresentado no mês de setembro de 2023, em 5 (cinco) cidades brasileiras sendo elas: Curitiba (PR), Joinville (SC), Blumenau (SC), Porto Alegre (RS) e Santa Maria (RS). Serão 2 (duas) apresentações em cada cidade, com ingressos distribuídos gratuitamente. Após cada apresentação haverá uma conversa com Letícia sobre o processo de criação do espetáculo e a relação artista-pesquisadora-produtora. Frágil, ou, essa dança é 30 minutos mais longa do que poderia ser para competir indaga sobre como produzir uma dança que leve em conta a história dos corpos que a fazem, mas que opere de modo crítico e faça de seu contexto parte integrante da dramaturgia. O solo é investigativo e propõe questionamentos à própria formação tradicional de dança de Letícia.
Frágil questiona, pergunta, critica os modos de produzir dança e tenta incluir em suas indagações quão operantes podem ser as lógicas supostamente politizadas da dança contemporânea. Frágil é um convite para olhar uma dança nada comportada e 30 minutos mais longa do que poderia ser para competir. "Com uma dimensão poética e política provocadora, a fragilidade anunciada contém em si potência e revela um campo de forças para a existência e a resistência, de Leticia, de Anderson e de outros artistas de sua geração. Com formação em balé em uma cidade - Joinville, SC - em que a dança contemporânea precisa forjar espaços para acontecer, Letícia empreende um processo de criação intenso, numa espécie de manifesto do que pode um corpo ao de fato desejar ser outro, com o olhar atento e questionador de Anderson. O seguimento do título - essa dança é 30 minutos mais longa do que poderia ser para competir - chama a atenção para o que impede ao artista, muitas vezes, projetar-se num processo de criação em dança que exceda os minutos determinados por festivais de dança competitivos, numerosos em Santa Catarina. Letícia e Anderson nos convidam não somente a vê-los dançar, mas a mover toda uma lógica que circunda o ato de colocar uma dança no mundo.” (Sandra Meyer)
“Frágil interroga se a solidez da resistência está escondida entre os escombros da facilidade; se o tule da delicadeza protege quando se cai no erro; e por quanto tempo se segue silenciosamente uma trilha ensurdecedora. Nessa dança pautada na lógica do fragmento, a coerência interna ocorre entre a entrega da dançarina e o acolhimento ou a sisudez da plateia. Uma dança que é uma pergunta e não uma resposta, lembra-nos sobre a fragilidade do caráter das promessas: serem pequenas ilhas de certezas num oceano de incerteza." (Ida Mara Freire)
Ficha Técnica
Uma dança de Letícia Souza Com direção de Anderson do Carmo Iluminação: Flávio Andrade Trilha Sonora: Dimi Camorlinga Figurinos: Karin Serafin Cenografia: Marcelo Mello Design Gráfico: Rodrigo Ascenção Fotos: Rodrigo Arsego Produção Executiva: Paula Gotelip